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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fisioterapia 137º dia (01 - 07 - 2011)

Olá a todos os visitantes do "Biamputado".

Hoje voltei a ter um dia extremamente cansativo, pela primeira vez sai do nosso pavilhão sem canadianas, fomos dar uma pequena volta pelo hospital e foi extremamente gratificante.

Comecei o dia a descer a rampa e fui até ao ginásio, o primeiro exercício que fiz foi nas barras, a treinar o equilíbrio em cima da tábua de Freeman, estive por ali cerca de 10 minutos e depois fui até à pedaleira de braços, como hoje é sexta-feira decidi exagerar um pouco mais no esforço, coloquei a força quase nos 4,5 e fiz 2000 pedaladas, o dobro do habitual, fui conseguindo controlar a respiração, mantive uma cadência muito elevada e no total não demorei 23 minutos, mas acabei completamente de rastos, a seguir levantei-me, fui limpar a cara do suor, larguei uma canadiana e fui logo até ao corredor grande, pelo caminho voltou-me a acontecer uma situação chata que nunca mencionei aqui no blog, quando ando só com uma canadiana ou mesmo sem nenhuma e não faço a transferência de peso correctamente, acabo por esforçar bastante a articulação da anca do lado esquerdo, quase na zona da virilha e dá-me uma pontada bastante forte que me descontrola um pouco, mas felizmente passa muito rápido, neste percurso até ao corredor grande aconteceu duas ou três vezes e por isso deu para perceber exactamente em que situações ocorre. Quando cheguei ao corredor grande larguei a canadiana e comecei a andar, no início estava a ter algumas dificuldades de equilíbrio, mas aos poucos fui melhorando e conseguindo manter os braços ao longo do corpo, balançando de forma natural, essa é uma das minhas grandes batalhas, tornar a marcha mais natural, com os braços ao longo do corpo e balançando-os, mas só é possível quando me sinto confiante, entretanto chegou lá a terapeuta e fomos dar uma volta, começamos por sair do pavilhão, quando chegamos à rampa ela deu-me a canadiana para eu subir a rampa, subi-a sem me apoiar uma única vez no corrimão, quando o piso ficou direito a terapeuta voltou-me a tirar a canadiana, consegui andar bem e fui fazendo os movimentos dos braços até chegar a uma parte que tem um pequeno declive, até ali apenas precisei de me apoiar na terapeuta cerca de duas ou três vezes, para passar esse declive é que tudo se complicou, avancei a prótese esquerda normalmente e tentei dar o impulso necessário para avançar, no entanto esse pequeno declive fez com que eu em vez de ir para a frente desequilibrasse ligeiramente para trás, tentei duas vezes e aconteceu sempre o mesmo, acabei por te de subir apoiado na terapeuta, depois voltei ao normal até entrarmos numa parte de calçada, muito irregular tanto a nível das irregularidades naturais do piso em calçada, mas também com alguma inclinação lateral, aí não deu mesmo, tive de ir sempre apoiado à terapeuta e sentei-me com a ajuda da canadiana num banco que lá estava, entretanto a terapeuta foi tratar de outros amputados e eu fiquei por ali a descansar. Ao fim de alguns minutos levantei-me e estive a andar um pouco ali no piso irregular até ela chegar, nessa altura ela voltou-me a retirar a canadiana e mais uma vez tive dificuldades por causa do piso irregular, mas nesta parte onde estava o pior problema era mesmo na inclinação lateral, é péssimo andar em pisos assim, tive de ir sempre apoiado na terapeuta até junto a uma parede, lá tinha a parte das janelas e eu podia-me apoiar nas grades delas, foi o que fiz, mas mesmo assim não era fácil, até porque a inclinação lateral aumentou muito, entretanto tive de sair da calçada para a estrada, mas aí já foi com a canadiana e apoiei-me também numa ambulância que lá estava, a seguir o piso já era direito e de alcatrão, voltei a andar sozinho e a fazer os movimentos com os braços, fui assim até ao cimo da rampa, ainda assim antes de me apoiar no corrimão tinha outro desnível e eu tive de ir sempre apoiado na terapeuta, para além do desnível estava também uma ambulância a fazer marcha-a-trás, o que me pressionou mais um pouco, depois apoiei-me no corrimão e a terapeuta queria que descesse apenas apoiado nele, sem usar a canadiana, mas algo se passa com a prótese direita, ainda não percebi o que é ao certo, mas sempre que desço a rampa parece que algo se destranca, não sei se será o joelho direito ou a articulação da anca direita, o que é certo é que fico muito inseguro e tenho de usar mais um apoio, acabei por ter de descer apoiado no corrimão e com uma canadiana, no fundo da rampa voltei a largar a canadiana, fomos para o ginásio sem apoios e só me apoiei na terapeuta umas três vezes, por último, quando lá cheguei fui para as barras treinar o equilíbrio em cima da tábua de Freeman com a bola, enviando-a contra a parede, fiquei por ali mais uns 10 minutos e acabei o meu treino.

Foi assim o meu dia de fisioterapia, muito cansativo, mas bastante gratificante, ter saído do nosso pavilhão pela primeira vez sem canadiana é algo extraordinário. Muito obrigado a todos.

Norberto Mourão

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Acerca de mim

Lisboa/ Vila Real, Camarate/ Mondrões, Portugal
Como já se aperceberam, a minha situação infelizmente é muito complicada, tenho um longo e árduo caminho pela frente, caminho esse cheio de grande dificuldades, não só a nível físico como também financeiro, por isso peço ajuda a quem estiver interessado em contribuir com alguma coisa, por pouco que seja, para esta minha nova realidade...