Olá a todos os visitantes do "Biamputado".
Hoje começou mais uma semana de fisioterapia, voltei a ter um dia cansativo e pela primeira vez arrisquei fazer algumas coisas sozinho.
Comecei o dia a descer a rampa e fui até à pedaleira de braços, coloquei a força quase no 5 e queria fazer 1000 pedaladas, mas como a resistência era muito forte cheguei às 750 e tive de reduzir ligeiramente a resistência, ficou entre 4 e o 4.5, depois fiz até às 1000, a seguir fui com uma canadiana até ao pátio, a terapeuta tinha lá montado um circuito com os pinos e com uns sacos de areia, os pinos tinha de os passar aos ziguezagues e os sacos de areia tinha de os passar a andar de lado, fiz aquele circuito duas vezes, depois fui até às barras para treinar o equilíbrio com bola em cima da tábua de Freeman, estive a fazer aquele exercício de enviar a bola contra a parede, fiz o exercício de duas formas, na primeira enviava a bola, segurava-a e se estivesse equilibrado enviava-a outra vez, havia sempre uma pausa, umas vezes ligeira e outras mais prolongada, mas hoje decidi inovar um pouco e fiz sem paragens, quase como se estivesse a jogar voleibol, consegui fazer a bola bater 18 vezes na parede sem precisar de me apoiar, entretanto chegaram os médicos para a visita habitual e eu parei o exercício.
No fim da visita médica fui até ao corredor, quando lá cheguei vi que estava uma cadeira no meio do corredor e decidi arriscar, passar ao lado dela, até agora nunca me afastei muito da parede quando treino sozinho, mas para passar ao lado da cadeira tive de me afastar da parede e deixar de ter qualquer possibilidade de me apoiar caso me desequilibrasse, consegui uma vez sem qualquer problema, mas quando voltei para trás e tentei passar outra vez já não consegui, tive de passar por ela com os braços esticados para a parede e quase a andar de lado para lá conseguir chegar, entretanto a terapeuta chegou lá, retirou a cadeira e começámos a fazer alguns exercícios com a bola, no primeiro ela foi-ma passando de lado e acabei por conseguir fazer quase todo o corredor sem precisar de me apoiar, quando cheguei ao fundo dei a volta sem tocar no corrimão e voltei a fazer todo o corredor da mesma forma, o segundo exercício foi a driblar a bola, voltei a dribla-la alternando pelas duas mãos e também neste exercício consegui andar bastante sem me apoiar, a minha maior dificuldade é quando passam pessoas perto de mim, tenho de me conseguir abstrair delas e não me desequilibrar, quando acabei este exercício voltei para o ginásio com a terapeuta e sem apoios.
Um pouco depois fui com outro amputado e com a terapeuta dar uma pequena volta, ele foi sem canadianas e eu fui com uma, subimos a rampa, eu não precisei de tocar no corrimão, a seguir fomos por cima do passeio, no entanto estavam umas cadeiras a meio e o espaço para passar à frente delas era muito reduzido, tive de passar de lado, apoiei a canadiana na estrada enquanto eu ia em cima do passeio, foi a forma que encontrei para passar este obstáculo, a seguir continuei pelo passeio e fui ter com o outro amputado, depois voltamos para trás e tivemos de descer o passeio, a terapeuta estava com ele e eu tive de descer sozinho, mas apoiei-me numa ambulância para conseguir, fomos depois até à entrada de outro pavilhão e tivemos de subir novamente um pequeno passeio, eu nunca subi sozinho só com uma canadiana e perguntei à terapeuta como é que iria subir, estava à espera que ela viesse ter comigo, mas disse-me apenas para subir, lá decidi arriscar e pela primeira vez consegui subir algo só com uma canadiana, para descer voltou a acontecer o mesmo, a terapeuta estava com o outro amputado e não o podia largar, voltei-lhe a perguntar como é que descia, ela mais uma vez me disse para descer sozinho, mas como estava ainda com mais receio não desci, nessa altura ela disse-me para esperar por ela, pois ela ia ao ginásio levar o outro amputado, eu ainda esperei um pouco, mas pensei para mim, "não posso ficar aqui toda a vida" e decidi avançar, meti a canadiana na estrada, avancei a prótese direita e nessa altura já não havia nada a fazer, ou avançava ou caia, preferi avançar e correu muito bem, tive foi de descer de lado, uma vez que em situações destas é a única forma que eu consigo apoiar a prótese direita no chão, a seguir fui andando para o ginásio e já estava a descer a rampa quando a terapeuta chegou ao pé de mim (a correr), ficou espantada por me ver já ali, eu disse-lhe como é que desci e ela ficou muito satisfeita, disse-me que tenho de começar a tentar no degrau entre o ginásio e o pátio, por último fui até ao ginásio sem canadianas e acabei por ali o meu treino.
Foi assim o meu dia de fisioterapia, pela primeira vez consegui-me afastar sozinho da parede e passar ao lado de um obstáculo, também consegui pela primeira vez subir e descer um passeio só com uma canadiana e sem a ajuda da terapeuta. Muito obrigado a todos.
Norberto Mourão
Sejam bem-vindos!
Olá...sejam bem-vindos ao Biamputado....um blog de solidariedade.
Pretende-se torna-lo um espaço de esperança para com todos que passaram, passam ou passarão por esta experiência. Conta a minha história, a minha luta diária! É um projecto conjunto de Norberto Mourão e Olinda Guedes e surgiu no âmbito académico, é também um espaço de debate e entre-ajuda!
Contámos contigo! Porque a vida só tem sentido quando ajudamos alguém.
Quem quiser contribuir, por pouco que seja para a minha recuperação, desde muito obrigado
NIB: 0033 0000 45315828628 05
IBAN: PT50 0033 0000 4531 5828 6280 5
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Acerca de mim
- Biamputado
- Lisboa/ Vila Real, Camarate/ Mondrões, Portugal
- Como já se aperceberam, a minha situação infelizmente é muito complicada, tenho um longo e árduo caminho pela frente, caminho esse cheio de grande dificuldades, não só a nível físico como também financeiro, por isso peço ajuda a quem estiver interessado em contribuir com alguma coisa, por pouco que seja, para esta minha nova realidade...
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