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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fisioterapia 140º dia (08 - 07 - 2011)

Olá a todos os visitantes do "Biamputado"

Hoje foi o último dia de fisioterapia desta semana e não havia melhor maneira de acabar semana do que a que consegui hoje, foi extraordinário, consegui fazer o que até à pouco tempo seria impossível.

Comecei o dia a descer a rampa e fui até à pedaleira de braços, hoje decidi ouvir música bastante mexida enquanto dava as pedaladas, coloquei a resistência quase nos 4,5 e fiz as 1000 pedaladas a uma velocidade muito elevada e demorei pouco mais de 11 minutos, a seguir levantei-me e fui guardar a música, também encostei uma canadiana e fui até ao corredor grande, ao chegar lá encostei-a e estive por ali a andar durante algum tempo, tentei sempre fazer os movimentos naturais dos braços, fui conseguindo e não precisei de me apoiar muitas vezes, nas curvas é que me apoiava sempre, nesta fase do treino fiz o corredor grande 6 vezes, depois agarrei na canadiana e fui até à porta do pavilhão porque estava muito calor no corredor, ao fim de poucos minutos voltei para o corredor grande e treinei mais um bocado, fiz todo o corredor mais umas 4 vezes e voltei para o ginásio com a canadiana.

O ginásio acabou por ser apenas um local de passagem, pois estive a treinar no degrau para o pátio, a descer e a subi-lo só com uma canadiana, voltei a conseguir sem precisar de me apoiar, para descer tem de ser de lado e a prótese direita apoia primeiro em baixo, quando subo é a prótese esquerda que vai à frente e consigo fazer bem o impulso para subir, estive por ali alguns minutos, a seguir voltei para o corredor grande com a terapeuta e outro amputado, quando lá chegamos ele esteve a fazer alguns exercícios relacionados com a transferência de peso, eu aproveitei e também fiz, mas como ele se cansa rapidamente a terapeuta foi-lhe buscar uma cadeira e trouxe a bola para mim, comecei depois a fazer um exercício com a bola, tinha de a driblar e passar ao lado da cadeira onde o outro amputado estava sentado, no início estava a ir bem, mas ao chegar perto dele desequilibrei-me, tive de largar a bola e apoiar-me no corrimão, a seguir rodei o corpo de forma a ter de andar apenas em frente e passar ao lado da cadeira, dessa vez consegui, no entanto queria virar para voltar para perto do corrimão e não consegui, fui sempre em frente e apoiei-me na parede de vidro, depois virei-me para a outra parede e atravessei o corredor na diagonal até chegar a ela, a partir dali fui até ao fundo do corredor sempre a andar a direito, quando lá cheguei tive de dar meia volta, virar-me para a parede do outro lado e dar um pequeno passo em frente, este pequeno passo foi difícil de dar porque me sentia inseguro, a seguir fizemos outro exercício, passava-mos a bola um para o outro, mas a bater uma vez no chão, correu bem, mas a terapeuta enviou uma vez pelo ar, eu desequilibrei-me logo e tive de me apoiar na parede que estava atrás, depois voltei a apanhar o meu ponto de equilíbrio e continuei a fazer o exercício, desta vez a passar a bola por cima ou a bater no chão, à medida que ia fazendo começava a ficar mais torto, por causa das dores na zona lombar e do cansaço, nessa altura a terapeuta disse-me para me encostar à parede e descansar.

Depois de descansar durante alguns minutos a terapeuta disse-me para me afastar da parede o máximo que conseguia e para começarmos a andar sem apoios, ao afastar-me assim tanto já não precisava de me desviar da cadeira onde ainda estava o outro amputado, começamos então a andar e atravessámos todo o corredor grande e os pequenos até ao fundo, lá dei a volta e fiz novamente todo o caminho até ao fundo do corredor grande, voltei a dar a volta e o objectivo era ir até ao ginásio, mas quando ia a meio do corredor grande chegou lá outro biamputado e começou-me a dar os parabéns e a dizer que já ando muito bem, no entanto nessa altura desequilibrei-me e tive de me apoiar na terapeuta, eu tinha contado todos os passos que tinha dado até ali (conta-los ajuda-me a manter-me concentrado), foram 450 passos sem me apoiar uma única vez, nunca tinha andado tanto tempo e por uma distância tão grande sem me apoiar uma única vez, estava mesmo muito feliz com o que tinha acabado de conseguir, depois voltámos a andar e fui desde ali até ao ginásio, novamente sem me apoiar uma única vez, foi extraordinário, até à muito pouco tempo conseguir andar assim tanto sem apoios seria um sonho, quando cheguei ao ginásio estava a escorrer água por todo o lado, estava muito cansado, mas as costas não me doíam e eu estava radiante com esta minha vitória, acabei depois ali o meu treino.

Foi assim o meu dia de fisioterapia, não havia melhor forma de acabar a semana, com mais esta extraordinária vitória. Bom fim-de-semana a todos. Muito obrigado.

Norberto Mourão

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Acerca de mim

Lisboa/ Vila Real, Camarate/ Mondrões, Portugal
Como já se aperceberam, a minha situação infelizmente é muito complicada, tenho um longo e árduo caminho pela frente, caminho esse cheio de grande dificuldades, não só a nível físico como também financeiro, por isso peço ajuda a quem estiver interessado em contribuir com alguma coisa, por pouco que seja, para esta minha nova realidade...