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segunda-feira, 12 de abril de 2010

"Mais anjinhos iguais ao Norberto" - o caso de José Monteiro

José Monteiro é um dos muitos exemplos de amputação, "Mais um anjinho igual ao Norberto". Sofreu um acidente de moto e mesma assim confessa que esta é a paixão da sua vida. Numa curta entrevista, ele conta-nos um pouco da sua história.

Biamputado - Conta-nos um pouco do teu percurso. O acidente surgiu em que altura? Como aconteceu?



José Monteiro - Meu nome é José Luis, tenho 33 anos e moro no Algarve, mais concretamente nos arredores de Lagoa, trabalhava como segurança/porteiro. Desde que me conheço como gente que sou um apaixonado por motos, desde os meus 16 que as possuo. É um modo de vida por assim dizer, os convívios, os passeios, as viagens, as concentrações… e foi também de moto que tudo aconteceu no dia 21 de Setembro de 2009 pelas 20:10h. Quando vinha do trabalho para casa, ao efectuar uma ultrapassagem com espaço suficiente e como tantas outras que tenho feito ao longo da minha vida, o carro que seguia em sentido contrário deu uma guinada e veio bater-me de raspão tendo me atingido na perna esquerda. Resultado foi a fractura do fémur, fractura da tíbia e perónio, múltiplas fracturas no pé e tornozelo.





B- Como tem sido a tua recuperação? Quais os passos que tens realizado?



JM - Fui transportado para o Hospital de Portimão, e segui de urgência para o hospital de S. José em Lisboa, devido à gravidade das fracturas do pé e do tornozelo.

A primeira operação em Lisboa foi a mais longa cerca de 8 horas, as dores maiores sempre estiveram no pé, pois tal como o tornozelo, tem demasiadas fracturas (esmagado) e sempre me doeram. A melhor forma de as evitar é mantendo a perna sempre elevada de modo a não inchar. Em S. José ainda efectuei uma cirurgia plástica, de onde tiraram pele para colocar no pé. Estive quase 3 meses internado em Lisboa, até ser transferido pela seguradora, para uma clínica particular em Faro, no Algarve. Na clínica, no dia 9 de Dezembro, fiz logo uma primeira cirurgia de modo a retirar o fixador externo, que tinha no fémur e colocar uma chapa no interior da perna foi para mim um alivio. Fiquei apenas duas semanas internado e mandaram-me para casa, claro que numa cadeira e muito limitado pois a perna não pode estar para baixo devido ao inchaço e as dores que provoca.

A recuperação tem sido muito lenta, muito por causa de uma zona da perna onde tiraram pele, para colocar no meu pé esfacelado, chamada parte dadora. Essa zona tem a pele muito fina e devido a eu não poder andar em muletas e estar sempre com a perna apoiada, volta e meia abre uma ferida, que tem sido a principal razão de adiamento da próxima cirurgia. Depois de muito estudo e de consultados diversas opiniões médicas, tanto de ortopedistas e cirurgiões plásticos, decidiram que este pé e tornozelo já não eram nada e que seria a minha sina dali em diante. Nada que eu já não estivesse à espera, pelo que ficou decidido optar pela amputação abaixo do joelho e colocar uma prótese. Neste momento continuo esperando a cirurgia de amputação, apenas a pele tem de ficar mais consistente de modo a não haver complicações.

B- Alguma vez te revoltas-te contra esta situação?



JM - Para ser sincero preferia que não fosse necessário, mas de entre ficar com uma perna inútil ( ter que andar sempre com canadianas devido a um pé e tornozelo sem funcionalidade) ou fazer a amputação de modo a ter uma maior qualidade de vida com uma prótese? …acho que não há muito por onde escolher.

Se me revolto com esta situação? ... em parte acho que sim, pois foi uma estupidez de acidente que eu podia ter evitado, mas como diz o outro, está feito, não há volta a dar…agora é tentar ficar na melhor situação possível.

B- Já foste vítima de descriminação? Conta-nos alguns casos.



JM - Não posso dizer que tenho sido vítima de descriminação, porque saio muito pouco de casa neste momento, pois nem sol convém apanhar na ferida.

As minhas saídas têm se resumido às idas à clínica privada para efectuar pensos e consultas com os médicos, pelo que não tenho ainda sentido a descriminação…mais tarde podemos falar mais concretamente sobre esse tema.

B- Tens recebido algum tipo de apoio para a recuperação? Material, humano e psicológico.



JM - A nível psicológico o único apoio que tenho é apenas da minha família, e amigos…

A nível monetário ou financeiro, passado cerca de um mês e meio depois do acidente, o seguro de trabalho assumiu todas as despesas, tendo recebido desde então uma percentagem do ordenado, e sou acompanhado por médicos e clínicas indicados e pagos por eles.

B- Achas que algum dia voltarás a ser feliz? És feliz?



JM - Vou ser…não estou feliz neste momento pois já estou farto de andar na cadeira e ter de ter sempre o pé para cima, o que me limita muito, mas assim que for operado as coisas vão mudar. Claro que feliz mesmo, vai ser quando puder voltar a andar de moto, algo que quero mesmo voltar a fazer.

B- A nível profissional consideram que ainda podes ser útil para o nosso país? Que tipo de actividades pretendes realizar no futuro?



JM - A nível profissional é lógico que posso ser útil, tenho tudo o que é importante no lugar, a cabeça, quanto ao que pretendo realizar não tenho pensado muito nisso. Pensando bem ainda nem me lembrei bem disso, pois a pressa de querer voltar a andar acho que me ocupa maior parte do tempo.

B- Uma mensagem final para quem te quiser conhecer melhor?



JM- Sou uma pessoa simples e de bem com a vida, espero poder voltar às motos o quanto antes, e aproveitar mais a vida do que tenho aproveitado até então.

B- E o Norberto. Fala um pouco da relação que possuis com ele.



JM - Com o Norberto é uma boa relação de amizade, o Norberto é um exemplo e uma força da natureza, pois a situação dele é bem pior que a minha e acaba por ser ele a dar-me mais força do que o contrário.

Tivemos os acidentes com a diferença de uma semana, tivemos ambos internados no mesmo hospital, falei a primeira vez com o Norberto, cerca de uma semana ou uma semana e meia depois, de ele ter vindo para a enfermaria. Foi quando soube o que se passou e que tinha sido de moto. Se é motard, tem que ser boa pessoa…hehehe.

É um gajo porreiro e com bom coração e uma força de viver que poucos possuem.



Obrigado.

"Biamputado" agradece a tua colaboração e faz votos de uma rápida e pronta recuperação. Com certeza, brevemente, vamos encontrar-te bem e em cima de uma mota. Sonhos concretizam-se e nos acreditamos no meu...Até Lá....

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Acerca de mim

Lisboa/ Vila Real, Camarate/ Mondrões, Portugal
Como já se aperceberam, a minha situação infelizmente é muito complicada, tenho um longo e árduo caminho pela frente, caminho esse cheio de grande dificuldades, não só a nível físico como também financeiro, por isso peço ajuda a quem estiver interessado em contribuir com alguma coisa, por pouco que seja, para esta minha nova realidade...